Espectro autista

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Hoje falaremos sobre um assunto que ainda é um tabu por ser muito mal compreendido pela maioria das pessoas: O autismo.

Porque resolvi falar desse assunto?

Porque durante um tempo a Sarah teve suspeita de autismo e eu saí em busca de informações e acabei aprendendo bastante sobre o assunto. A explicação da neurologista que cuida da Sarah também me fez enxergar que a idéia que temos desse problema é muito baseada em filmes que apresentam autistas totalmente estereotipados e que muitas vezes se assemelham a loucos e a realidade é muito diferente desses filmes que denigrem e incentivam o preconceito aos portadores dessa disfunção do relacionamento social (uma das definições do autismo).

Primeiramente eu não sabia que o autismo podia ser classificado em diversos níveis, pra mim autismo era tudo igual, os sintomas eram iguais e o tratamento o mesmo. Depois que pesquisei muito sobre o assunto descobri que o que existe na verdade é uma coisa chamada ESPECTRO AUTISTA que encaixa diversos níveis de comprometimento pelo autismo e também por outra síndrome chamada “Síndrome de Asperger”. O que vai determinar os sintomas, a etiologia e o prognóstico da criança é o nível e o quadro em que ela se encaixa.

É aí que começa o grande problema!

Primeiramente porque é extremamente difícil encontrar um profissional verdadeiramente capacitado em dar o diagnóstico correto. Depois porque antes dos dois ou três anos de idade, provavelmente todos os médicos trabalharão apenas com hipóteses já que a criança está em pleno desenvolvimento neuro-psico-motor e pode de repente deixar de demonstrar os sinais clássicos do autismo, portanto a maioria dominante dos médicos irá apenas observar a criança até que ela complete três anos de idade, quando já é possível determinar com mais clareza se ela realmente se encaixa no espectro autista.

Determinar em qual tipo de autismo a criança se encaixa é outra proeza, já que os métodos que determinam essa disfunção são muito subjetivos e muitas vezes dependem da interpretação do médico, que pode ser equivocada. Você pode levar seu filho em três médicos diferentes e receber três diagnósticos diferentes, pode até mesmo acontecer de um médico dizer que ele é autista e o outro dizer que não. Portanto diagnosticar autismo não é do dia pra noite, pode ser necessário anos de observação para determinar se uma criança realmente se encaixa no espectro autista.

Além de tudo, a observação da evolução do desenvolvimento do portador do autismo é muito fundamental para determinar em qual grau do espectro ele se encaixa. Podem existir crianças autistas com um grau leve que falam, andam e interagem relativamente bem em sociedade, que tem sintomas muito sutis, existem outras que falam até uma determinada idade e de repente vão perdendo essa habilidade e existem aqueles que desde os primeiros meses apresentam sintomas característicos, como atraso no desenvolvimento e pouca interatividade, podem chorar muito pouco, serem crianças calmas e caladas ao extremo, não sorrirem e demorar anos mais que o normal para andar e apresentar também as estereotipias (repetições de movimentos e gestos).

Porém atraso no desenvolvimento e movimentos estereotipados também são sintomas de muitos outros problemas neurológicos o que ocasiona um número elevado de diagnósticos incorretos.

Existem alguns sintomas que você pode observar sozinha e se seu filho apresentar vários deles ou até mesmo todos procure um médico para desencargo de consciência, pois quanto mais cedo tratado, maiores são as chances de minimizar as seqüelas. Abaixo os principais sintomas:

– O bebê quase não chora, não interage e não sorri;

– Tem atrasos no desenvolvimento motor (como rolar, sentar, ficar em pé, andar);

– Tem dificuldades na comunicação (verbal ou não verbal, como por exemplo, não aponta quando quer algo);

– Tem dificuldades em olhar nos olhos (não quer dizer que nunca olhe, mas tem alguma dificuldade ou resistência);

– Tem resistência a gestos de carinho (dificuldade em receber e em dar);

– Tem mais de um ano e meio e não fala nenhuma palavra e não tenta se comunicar;

– Não brinca de faz-de-conta (ex: atender um telefone de brinquedo, colocar a boneca para dormir);

– Não se interessa em fazer novas amizades;

– Brinca sempre da mesma brincadeira repetitiva (ex: agrupar objetos por cor, por tipo, por tamanho e faz isso SEMPRE);

– Parece muito irritado quando há alguma mudança na sua rotina (comida, brincadeira, sono);

– Não atende quando chamado (o que pode levantar até suspeita de surdez);

– Apresenta movimentos repetitivos, estereotipados (no caso da Sarah ela olha insistentemente e a todo o momento para a mãozinha);

Esses são alguns sintomas, existem muitos outros e, além disso, alguns testes que os médicos realizam para poder facilitar o diagnóstico, portanto se você notar algum desses sintomas e sentir que há algo errado com o seu filho, não hesite em procurar ajuda, alguns problemas neurológicos tem um prazo muito curto entre a descoberta e as seqüelas permanentes, não negligencie nunca o tratamento quando você notar algo de errado com seu filho, ainda mais na fase de desenvolvimento onde qualquer transtorno invasivo pode prejudicar permanentemente sua vida.

E se por acaso você descobrir que seu filho é autista, saiba que não é o fim do mundo, que ele não vai preferir ficar isolado dentro de casa sem ter amigos, que ele nunca poderá freqüentar a escola e que nunca será bem sucedido na vida, existem muitos casos de autistas famosos e super bem sucedidos profissionalmente e que inclusive escreveram livros, é fácil encontrar em uma simples pesquisa no Google. Ao contrário do que todos pensam o autista não prefere se isolar, ele apenas tem dificuldade em começar um diálogo, uma amizade e por conseqüência a sociedade o acaba isolando ao invés de permitir que ele crie laços de afetividade.

Com muito amor, tratamento correto e diagnóstico precoce, com certeza você e sua família superarão o choque inicial do diagnóstico e enxergarão que é possível ser feliz mesmo tendo um filho dito como ESPECIAL, digo DITO ESPECIAL porque todo filho, saudável ou não é especial para os que o amam.

Espero ter ajudado e até mais com novidades!

Um beijo em todos.

Post Enviado Por: Renata Coelho

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